terça-feira, 28 de março de 2017

Uma oliveira frondosa na casa de Deus!!!

NA TERRA de Israel há uma árvore que é praticamente indestrutível. Mesmo quando derrubada, suas raízes logo produzem novos brotos. E quando se colhem seus frutos, ela recompensa seu dono com uma abundância de azeite que pode ser usado para cozinhar, para iluminação, para higiene e em cosméticos.

Segundo uma antiga parábola registrada no livro bíblico de Juízes, “aconteceu uma vez que as árvores foram ungir um rei sobre si”. Que árvore da floresta foi a sua primeira escolha? Nenhuma outra senão a resistente e produtiva oliveira. — Juízes 9:8.

Há mais de 3.500 anos, o profeta Moisés descreveu Israel como ‘terra boa, terra de azeitonas’. (Deuteronômio 8:7, 8) Mesmo hoje em dia, há olivais espalhados na paisagem desde o sopé do monte Hermos, no norte, até os arrabaldes de Berseba, no sul. Elas ainda enfeitam a planície costeira de Sarom, as encostas rochosas de Samaria e os vales férteis da Galileia.

Escritores bíblicos muitas vezes usam a oliveira em sentido figurativo. Particularidades desta árvore servem para ilustrar a misericórdia de Deus, a promessa da ressurreição, e a vida familiar feliz. Examinarmos mais de perto a oliveira nos ajudará a entender estas referências bíblicas e aprofundará nosso apreço por esta árvore ímpar que se junta ao restante da criação em louvar seu Criador. — Salmo 148:7, 9.

"A resistente oliveira"!...


A oliveira não é especialmente impressionante à primeira vista. Ela não se eleva até o céu assim como alguns cedros majestosos do Líbano. Sua madeira não é tão valiosa como a do junípero, e suas flores não agradam tanto aos olhos como as da amendoeira. (O Cântico de Salomão 1:17; Amós 2:9) A parte mais importante da oliveira fica fora da vista — sob o solo. Suas amplas raízes, que se podem aprofundar até 6 metros e se estender muito mais horizontalmente, são a chave da produtividade e da sobrevivência desta árvore.

Essas raízes permitem que oliveiras crescendo em encostas pedregosas sobrevivam a uma seca, quando árvores no vale abaixo já morreram. As raízes possibilitam-lhe continuar a produzir azeitonas durante séculos, embora o tronco nodoso só pareça servir para lenha. Tudo o que esta árvore robusta precisa é espaço para crescer e solo arejado para poder respirar, livre de ervas daninhas ou de outra vegetação portadora de pragas. Quando estas simples exigências são satisfeitas, uma só árvore pode suprir até 57 litros de azeite por ano.

Sem dúvida, a oliveira era prezada pelos israelitas por causa do seu precioso azeite. Lâmpadas com pavio para sugar o azeite de oliveira iluminavam seus lares. (Levítico 24:2) O azeite era essencial para cozinhar. Protegia a pele contra o sol e fornecia aos israelitas sabão para a limpeza. Cereais, vinho e azeitonas eram as safras principais do país. De modo que a deficiência na colheita de azeitonas era um desastre para a família israelita. — Deuteronômio 7:13; Habacuque 3:17.


No entanto, costumava haver bastante azeitonas. Moisés chamou a Terra Prometida de “terra de azeitonas”, provavelmente porque a oliveira era a árvore mais comum cultivada naquela região. O naturalista H. B. Tristram, do século dezenove, descreveu a oliveira como “a única árvore característica do país”. Por causa do seu valor e da sua abundância, o azeite serviu até mesmo como útil moeda internacional na região do Mediterrâneo. O próprio Jesus Cristo referiu-se a uma dívida calculada de ser “cem batos de azeite”. — Lucas 16:5, 6.

‘Como mudas de oliveira’


A útil oliveira ilustra bem as bênçãos divinas. Como seria recompensado um homem que temesse a Deus? “Tua esposa será como uma videira frutífera, nas partes mais recônditas da tua casa”, cantou o salmista. “Teus filhos serão como mudas de oliveiras ao redor da tua mesa.” (Salmo 128:3) O que são essas “mudas de oliveiras” e por que as compara o salmista a filhos?

A oliveira é incomum, visto que novos brotos surgem constantemente na base do seu tronco.* Quando, por causa da idade, o tronco principal não mais produz frutos como antes, os cultivadores podem deixar várias mudas ou brotos novos crescer até se tornarem parte integrante da árvore. Depois de um tempo, a árvore original pode estar cercada por três ou quatro troncos jovens e vigorosos, como os filhos ao redor de uma mesa. Estes brotos têm a mesma raiz e participam em produzir uma boa safra de azeitonas.

Esta característica da oliveira ilustra aptamente como filhos e filhas podem tornar-se firmes na fé, graças às fortes raízes espirituais dos pais. Quando a prole fica mais velha, também participa em dar fruto e em apoiar os pais, que se alegram de ver os filhos servir a Deus ao seu lado.
 — Provérbios 15:20.

“Até mesmo para uma árvore há esperança”!...


Um pai idoso que serve a Deus deleita-se com seus filhos piedosos. Mas esses mesmos filhos lamentam quando seu pai, por fim, ‘vai no caminho de toda a terra’. (1 Reis 2:2) Para ajudá-los a lidar com tal tragédia na família, a Bíblia assegura-nos que haverá uma ressurreição. — João 5:28, 29; 11:25.

Jó, pai de muitos filhos, apercebia-se bem da curta duração da vida do homem. Ele a comparou a uma flor que logo seca. (Jó 1:2; 14:1, 2) Jó ansiava morrer para escapar da sua agonia, encarando a sepultura como lugar de esconderijo do qual poderia voltar. “Morrendo o varão vigoroso, pode ele viver novamente?” perguntou Jó. Depois respondeu com confiança: “Esperarei todos os dias do meu trabalho compulsório, até vir a minha substituição. Tu [Jeová] chamarás e eu mesmo te responderei. Terás saudades do trabalho das tuas mãos.” — Jó 14:13-15.

Como ilustrou Jó a sua convicção de que Deus o chamaria da sepultura? Por meio duma árvore, cuja descrição torna provável que se referisse à oliveira. “Até mesmo para uma árvore há esperança”, disse Jó. “Se for decepada, brotará novamente.” (Jó 14:7) A oliveira pode ser cortada, mas isso não a destrói. A árvore só morre se for desarraigada. Se as raízes ficarem intactas, a árvore brotará de novo com renovado vigor.

Mesmo quando uma prolongada seca murcha severamente uma velha oliveira, o toco enrugado pode reviver de novo. “Caso a sua raiz envelheça na terra e morra no pó o seu toco, ao cheiro da água florescerá, e certamente produzirá um ramo como planta nova.” (Jó 14:8, 9) Jó morava numa terra seca e poeirenta, onde provavelmente havia observado muitos tocos velhos de oliveira que pareciam secos e sem vida. No entanto, quando chovia, tal árvore ‘morta’ revivia e das suas raízes surgia como que uma “planta nova”. Esta robustez notável levou um horticultor tunisiano a observar: “Pode-se dizer que as oliveiras são imortais.”


Assim como o agricultor anseia ver suas oliveiras ressequidas brotarem de novo, assim Deus anela ressuscitar seus servos fiéis. Ele aguarda o tempo quando pessoas fiéis, tais como Abraão e Sara, Isaque e Rebeca, e muitos outros, voltarão a viver. (Mateus 22:31, 32) 
"A oliveira simbólica"!


A misericórdia de Deus se manifesta na sua imparcialidade, bem como na sua provisão duma ressurreição. O apóstolo Paulo usou a oliveira para ilustrar como a misericórdia de Deus abrange as pessoas sem consideração da sua raça ou formação. Os judeus se haviam orgulhado por séculos de serem o povo escolhido de Deus, ‘a descendência de Abraão’. — João 8:33; Lucas 3:8.

Nascer na nação judaica não era por si só um requisito para se ter o favor divino. No entanto, os primeiros discípulos de Jesus eram todos judeus, e eles tiveram o privilégio de ser os primeiros humanos escolhidos por Deus para constituir a prometida descendência de Abraão. (Gênesis 22:18; Gálatas 3:29) Paulo comparou esses discípulos judeus a ramos duma oliveira simbólica.

A maioria dos judeus naturais rejeitou a Jesus, desqualificando-se de ser membros futuros do “pequeno rebanho” ou do “Israel de Deus”. (Lucas 12:32; Gálatas 6:16) Eles se tornaram assim como ramos decepados duma oliveira simbólica. Quem ocuparia o lugar deles? No ano 36 EC, escolheram-se gentios para se tornar parte da descendência de Abraão. Era como se Jeová tivesse enxertado ramos de oliveira brava na oliveira cultivada. Os que constituiriam a prometida descendência de Abraão incluiriam pessoas das nações. Cristãos gentios podiam tornar-se então ‘compartilhadores da raiz de untuosidade da oliveira’. — Romanos 11:17.

Seria inimaginável e “contrário à natureza” que o agricultor enxertasse um ramo de oliveira brava numa oliveira cultivada. (Romanos 11:24) “Enxerte a boa na silvestre e, como dizem os árabes, ela vencerá a silvestre”,  “mas não pode inverter o processo com bom êxito”. Os cristãos judeus ficaram igualmente espantados quando Deus“pela primeira vez, voltou a sua atenção para as nações, a fim de tirar delas um povo para o seu nome”. (Atos 10:44-48; 15:14) No entanto, este foi um sinal claro de que o cumprimento do propósito de Deus não dependia duma única nação. Não, porque “em cada nação, o homem que o teme e que faz a justiça lhe é aceitável”. — Atos 10:35.


Paulo indicou que, visto que os infiéis “ramos” judeus da oliveira tinham sido decepados, o mesmo poderia acontecer a qualquer um que por motivo de orgulho e desobediência não continuasse no favor de Deus (Romanos 11:19, 20) Isto certamente ilustra que nunca se deve presumir como garantida a benignidade imerecida de Deus. — 2 Coríntios 6:1.

Mas eu sou como uma oliveira
que floresce na casa de Deus;
confio no amor de Deus
para todo o sempre.

 Para sempre te louvarei pelo que fizeste;
na presença dos teus fiéis
proclamarei o teu nome,
porque tu és bom.